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quinta-feira, 18 de abril de 2024

A angústia e o alívio palmeirenses naquele que pode ter sido o último concerto do maestro Gallardo à frente do River

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a angustia e o alivio palmeirenses naquele que pode ter sido o ultimo concerto do maestro gallardo a frente do river
Foto Reprodução: Conmebol/Divulgação / GE

Para voltar a decidir a Copa Libertadores, o Palmeiras precisou esperar 21 anos e um século de cem minutos. Com a vantagem de 3 a 0 virando pó ainda no primeiro tempo, poucas vezes um time se viu tão moído em seu próprio estádio, mesmo quando estava com um jogador a mais, flertando acintosamente com a tragédia. E, acreditem, nada do exposto acima é vexatório, por uma singela e arrebatadora razão: o Allianz Parque presenciou o gallardismo em todo seu explendor — e talvez mesmo o último concerto de El Muñeco na casamata millonaria, ao menos, quem sabe, a derradeira apresentação em terras brasileiras.

Após a épica jornada, derrota grandiosa para inflar o peito, o presidente do River Plate, Rodolfo D’Onofrio, concedeu entrevista em que manifestou seu desejo de que Marcelo Gallardo continuasse em Núñez a vida inteira. Porque paira sobre o norte de Buenos Aires a impressão de que o técnico talvez considere esse ciclo cumprido; outros nortes o aguardariam após mais de seis anos e múltiplas conquistas — entre elas, duas Libertadores, sendo uma eterna, irreparável e quase inconcebível, ao derrotar o Boca Juniors, em 2018, naquela antessala do apocalipse.

A cultura de futebol (técnica e tática, mas sobretudo de índole) desenvolvida por Gallardo na equipe millonaria ficou vidente na partida do Allianz Parque. Ao comprender por que havia perdido a primeira partida, destrinchando cada virtude do rival brasileiro, o River Plate apertou o Palmeiras com um torniquete durante uma centena de minutos, sem um instante sequer de relaxamento. Com gol anulado, com pênalti revertido, com um jogador a menos. Da forma que fosse, acontecesse o que acontecesse, o time argentino desabava para dentro do Palmeiras com ímpeto quase bélico. Se de fato tiver sido o último concerto de Gallardo, a despedida consistiu em uma muralha de som e fúria — parede de metais, exército de bandoneones, repique de tambor y corazón.

“Marcelo Gallardo é melhor treinador do que eu”, comentou após o jogo o técnico palmeirense, Abel Ferreira, com admirável sinceridade e fraterna cortesia. O que também não é demérito algum para o português, sobretudo porque está vivendo sua primeira experiência em Libertadores (e a Libertadores, vimos mais uma vez, é uma coisa muito séria, como se numa morna manhã tu abrisse a porta para sair de um táxi e sem querer desembarcasse na Normandia), terreno do qual Gallardo conhece cada ranhura apenas pelo cheiro, antecipa cada miragem apenas pela sombra da grama.

É provável que muitos palmeirenses tenham comemorado a chegada à decisão com um sorriso mais amarelo do que a camisa de Weverton. O que é natural, afinal o desempenho de ontem ficou exatamente no meio do caminho entre a depressão e o desespero, além da impressão de que o time sucumbiu exatamente nos momentos mais exigentes. Toda a compreensível preocupação, no entanto, deve ser contextualizada, e o contexto chama-se River Plate de Marcelo Gallardo. Ao fim e ao cabo, quando a brasa arrefeceu e os nervos afrouxaram, a noite mostrou-se histórica para ambos: se o Palmeiras agora prepara-se para decidir uma Libertadores após mais de duas décadas, esse histórico River Plate deixou o campo ainda maior do que ao entrar.

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