Especialista revela os prós e contras de cada modalidade (e algumas pegadinhas importantes)

Apesar do financiamento ser a principal forma de adquirir um carro no Brasil, as aprovações dos bancos estão em queda. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), sete em cada dez financiamentos de carros são recusados, considerando modelos novos e usados.
Com a dificuldade de aprovação, o consórcio voltou a ser um tema comentado na hora de comprar um veículo. Mas como qualquer modalidade de compra, há vantagens e desvantagens. É o que diz a consultora de finanças pessoais Gabriella Barros.
O que é consórcio?
“O consórcio é uma modalidade em que várias pessoas se juntam para pagar uma parte do carro ou da moto, criando um fundo para aquisição daquele bem”, explica Gabriella, que é mestra em matemática e tem MBA em finanças. “Uma das formas de ser contemplado é o sorteio. Eles acontecem mensalmente, e uma pessoa do grupo será selecionada para receber a carta de crédito”.
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Além dos sorteios, quem participa de um consórcio pode dar lances, como em um leilão. “Assim, a pessoa tem a oportunidade de ser contemplada com a carta de crédito sem esperar pelo sorteio”, afirma Gabriella.
Quais são as diferenças entre consórcio e financiamento?
“Ao financiar um veículo, você estará pegando dinheiro emprestado com uma instituição financeira para adquiri-lo. Já o consórcio consiste em um grupo de pessoas que se junta para fazer um fundo”, explica a especialista.
Uma das principais características usadas para divulgar os consórcios é que juros não são cobrados, mas segundo a especialista, trata-se de uma “pegadinha”. Isso não significa que o cliente estará isento de outras tarifas.
“A principal tarifa cobrada nos consórcios é a taxa de administração. Antes de se tornar um consorciado, o cliente deve comparar o valor dessa taxa com os juros de um financiamento para concluir o que vale mais a pena”, explica. “Em alguns casos, o consórcio pode solicitar uma reserva financeira e até um seguro, que também interfere no preço das parcelas”, afirma.
Outra diferença que pode ser determinante na hora de escolher entre uma modalidade e outra é o tempo para receber o veículo. “Ao entrar em um consórcio, você estará pagando para ter o carro no futuro. No caso do financiamento, assim que for aprovado, o cliente poderá retirar o veículo na concessionária. É uma aquisição imediata”, diz Gabriella.
As vantagens do consórcio:
- Não há taxa de juros
- Não precisa pagar entrada
- Mensalidade pré-determinada
- Possibilidade de pausar os pagamentos
- Oportunidade de dar lances
As desvantagens do consórcio:
- O tempo para receber o veículo
- Taxas altas de administração
- Tarifas cobradas à parte (reserva do fundo, seguro, etc)
- Dificuldade de amortização
- Contratos inflexíveis
- Lances mínimos podem ser altos
As vantagens do financiamento:
- Recebimento imediato do veículo
- Parcelas cabem no orçamento
- Amortizações acessíveis
- Se o bolso apertar, é possível vender o veículo e se livrar da dívida
As desvantagens do financiamento:
- Entrada mínima de 20%
- Taxa de juros elevada
- Tarifas complementares
- Risco de inadimplência
Consórcio ou financiamento: o que é mais vantajoso?
“Não há uma resposta correta sobre o que é mais vantajoso. Depende muito da pessoa, mas o melhor cenário de todos é comprar à vista”, diz Gabriella. “Há cenários em que o financiamento fará mais sentido e outros em que o consórcio será melhor. Às vezes, comprar um carro causará tanto impacto na renda da família que é melhor não adquiri-lo, independentemente da forma”.
Para a especialista, o consórcio não é vantajoso quando a pessoa precisa do carro com urgência. “Quem precisa do carro para trabalhar ou se deslocar diariamente dificilmente tem tempo para esperar o pagamento do consórcio”, diz.
A especialista também alerta sobre os lances mínimos para ser contemplado no consórcio. “Em alguns casos, os lances mínimos são tão altos que poderiam servir de entrada para comprar o carro em um financiamento”.
Gabriella Barros também diz que um carro exige um grande esforço por parte do proprietário. Despesas como seguro, IPVA, pneus, combustível e revisões podem apertar qualquer orçamento e devem ser consideradas. Mas isso é papo para outra matéria…
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