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domingo, 28 de abril de 2024

Exposição excessiva às telas pode causar ‘autismo virtual’; entenda

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exposicao excessiva as telas pode causar autismo virtual entenda
Reprodução: Getty Images

Crianças são expostas cada vez mais cedo às telas, sejam elas de TVs, computadores, tablets ou celulares. Com a pandemia, o uso desses equipamentos se intensificou consideravelmente e não apenas por lazer. A continuidade dos estudos, por exemplo, só foi possível graças ao ensino remoto. No entanto, tudo em excesso pode ser prejudicial. Nesse contexto, vale o alerta: o uso demasiado de dispositivos eletrônicos pode causar o que tem se chamado de “autismo virtual“.

Importante dizer que não se trata de um quadro de autismo propriamente dito, mas por apresentar sintomas semelhantes ao transtorno, a condição passou a ser chamada popularmente dessa forma.

“É como dizer que alguém está deprimido quando se está apenas triste. Sabemos que a depressão é uma doença psiquiátrica, porém no dia a dia adotamos o termo para caracterizar um estado emocional passageiro”, explica Eliana Hamasaki, professora e supervisora do curso de Psicologia da Uninove.

O “autismo virtual” costuma gerar irritação, atraso de linguagem, dificuldade de socialização e comportamentos repetitivos. Essas alterações comportamentais afetam principalmente os mais novos.

O recomendado por especialistas é que crianças de até dois anos não sejam submetidas a qualquer estímulo visual por telas. De dois a cinco anos, uma hora por dia é suficiente e, acima de seis anos, o ideal é uma exposição de até duas horas.

“Dentro das condições atuais, seguir essas recomendações se torna muito difícil, já que temos crianças confinadas em apartamentos e pais trabalhando em home office. Por isso, o momento é bastante desafiador”, afirma Rodrigo Carneiro, neuropediatra e presidente da Abenepi (Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e profissões afins).

Carneiro explica que o “autismo virtual” surge a partir de uma soma de fatores genéticos e ambientais. Por isso, algumas crianças estão mais propensas a apresentar sintomas negativos do que outras expostas nas mesmas proporções.

Há solução para o ‘autismo virtual’

A boa notícia é que o “autismo virtual” tem como ser revertido, diferentemente do TEA (transtorno do espectro do autismo).

O neuropediatra afirma que o melhor é prevenir, criando um ambiente saudável para o desenvolvimento cerebral dos pequenos. Para aqueles que já tiveram hiperexposição, contudo, quanto mais precoce for a intervenção dos pais ou responsáveis, melhor o prognóstico.

“Não basta afastar os filhos do conteúdo digital, que está cada vez mais rico e atrativo. É preciso promover estímulos ambientais, como atividades lúdicas, ao ar livre e de convívio social quando for possível. Além disso, implementar hábitos de vida mais saudáveis, como a higiene do sono, é fundamental”, aponta Carneiro.

Para Eliana, além de colocar limites, pais e profissionais da educação e da saúde podem usar o tempo em frente ao computador ou ao celular para desenvolver atividades educativas, indo muito além da diversão. “Está difícil ler um livro? Por que não promover uma contação de histórias virtual? Ou mesmo pensar em jogos pedagógicos, intercalando com os games que as crianças gostam? Temos que pensar em alternativas. Privar totalmente não é a solução.”

Ações valem mais que palavras
Como impor limites aos filhos se os próprios pais não os têm? Para os especialistas, o exemplo dos responsáveis faz toda a diferença para os pequenos – tanto para o bem como para o mal.

“Se o pai está sempre diante do computador ou de celular e pede para o filho largar a tela, isso vai gerar um conflito. Fica difícil instituir uma norma se quem a criou não a segue”, diz Eliana.

Segundo a psicóloga e professora, os adultos devem começar delimitando seu próprio tempo nos equipamentos eletrônicos, deixando o restante das horas livres para se dedicar a outras atividades. “Se eu trabalho oito horas em frente a um computador, talvez isso já seja o suficiente.”

“Crianças seguem exemplos, e não regras. Ressalto aqui a importância do convívio social com os pares na escola. E isso é algo que os pais não conseguem promover em casa”, completa Carneiro, favorável ao retorno das aulas presenciais.

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