O presidente Jair Bolsonaro (PL) busca nomes para integrar a cúpula da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e reagir à disputa com o chefe do órgão regulador, o contra-almirante Antonio Barra Torres.
A ideia é indicar para o cargo de diretor, que ficará vago em julho, alguém com perfil alinhado ao governo e favorável às bandeiras negacionistas de Bolsonaro, como Hélio Angotti, médico pró-cloroquina que comanda atualmente a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde.
O nome foi colocado sobre a mesa em conversas de integrantes do governo favoráveis ao kit Covid. A proposta agradou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que deseja afastar Angotti da pasta, sem entrar em atritos com o médico, segundo integrantes do governo.
A indicação do presidente Bolsonaro precisa ser aprovada pelo Senado, e o secretário encontra resistências no centrão. Integrantes desses partidos dizem que as chances de Angotti chegar à Anvisa são pequenas.
Seguidor do escritor Olavo de Carvalho, Angotti é um dos líderes do núcleo pró-cloroquina do Ministério da Saúde, também integrado pela secretária Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”.
Na última sexta-feira (20), ele rejeitou diretrizes de tratamentos do SUS que contraindicavam medicamentos como a hidroxicloroquina. O texto havia sido elaborado por especialistas e aprovado pela Conitec, comissão ligada à Saúde que avalia tratamentos da rede pública.
Para justificar a rejeição da diretriz, Angotti assinou nota que contraria entidades científicas ao apontar eficácia e segurança comprovadas da hidroxicloroquina para a Covid. O mesmo texto diz que a vacina não apresenta essas características.
Esse texto gerou reação e repúdio de especialistas e integrantes da própria Anvisa.
Procurados, Saúde, Planalto e Angotti não se manifestaram sobre as discussões para indicação à Anvisa.
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