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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Nova espécie de mosquito Aedes é ameaça de outra epidemia nas Américas

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O Aedes vittatus é uma das 3,5 mil espécies de mosquitos e, assim como o Aedes aegypti (transmissor da dengue e zika), é capaz de carregar quase todas as doenças perigosas transmitidas por mosquitos, exceto a malária

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Foto Reprodução: Ben Pagac 

Durante a noite de 18 de junho de 2019, na base americana em Guantánamo, Cuba, um intruso foi pego por uma armadilha.

Soldados dali estão acostumados a se preparar contra eventuais tentativas de fuga de prisioneiros. A base é conhecida como um lugar onde os EUA aprisionam, por tempo indeterminado e muitas vezes sem julgamento, suspeitos de envolvimento em planos extremistas na chamada “guerra ao terror”.

É incomum que um intruso seja avistado ali. E, para complicar, nunca ninguém havia visto um intruso daqueles naquela região.

Trata-se do Aedes vittatus, uma das 3,5 mil espécies de mosquitos encontradas ao redor do mundo — e, assim como o Aedes aegypti (transmissor da dengue e zika, por exemplo), capaz de carregar parasitas ou patógenos perigosos à saúde humana.

O perigo adicional é que o Aedes vittatus consegue carregar quase todas as perigosas doenças transmitidas por todos os mosquitos, com exceção da malária.

“Estar em contato próximo com esses mosquitos não é uma boa notícia”, diz Yvonne-Marie Linton, pesquisadora-diretora da Walter Reed Biosystematics Unit e curadora de quase 2 milhões de espécimes na coleção de mosquitos do Instituto Smithsonian, nos EUA.

O Aedes vittatus é endêmico no subcontinente indiano, na Ásia, e até agora nunca havia sido avistado no continente americano.

Ele é “comprovadamente um vetor de vírus de chikungunya, zika, dengue, febre amarela e muitas outras doenças”, segundo a equipe que o identificou.

O mais provável é que as primeiras espécimes tenham viajado para Cuba na forma de ovos em algum contêiner de navio ou em uma aeronave. Provavelmente, sua proliferação no Caribe e sul dos EUA será também intermediada pelo homem: as mudanças climáticas estão encurtando os invernos da América do Norte, permitindo que os mosquitos procriem muito mais vezes em uma única temporada — consequentemente, espalhando mais vírus.

Mosquitos chamam muito menos atenção do que, por exemplo, as chamadas “vespas assassinas” identificadas em 2020 na América do Norte. Originárias do Japão, elas se espalharam pela região do Pacífico Noroeste norte-americano, matando colônias de abelhas.

“Há um paralelo entre as vespas assassinas e o Aedes vittatus no fato de que vieram de fora – estão em uma área onde não existiam antes”, afirma Ben Pagac, entomologista do Comando de Saúde Pública do Exército americano, que conduz biovigilância na região do Caribe.

O deslocamento do mosquito, diz ele, é uma lição a respeito dos perigos que o comércio e as viagens humanas oferecem à dispersão de doenças zoonóticas pelo planeta.

Doenças transmitidas por mosquitos matam mais de 1 milhão de pessoas e infectam quase 700 milhões por ano — quase 1 em cada dez pessoas na Terra.

E seu efeito é historicamente devastador. O historiador Timothy C. Winegard, autor do livro O Mosquito, de 2019, acredita que esses insetos chegaram a ser usados como arma biológica: na guerra do Peloponeso, de 415 a 413 a.C., os espartanos atraíram os atenienses a pântanos repletos de mosquitos. “A malária matou ou incapacitou mais de 70% das tropas (atenienses)”, escreve Winegard.

Alguns dos guerreiros mais conhecidos da história foram mortos por doenças transmitida por mosquitos, como Genghis Khan e (segundo uma teoria) Alexandre, o Grande.

E, à medida que as mudanças climáticas deixam os invernos da América do Norte mais curtos e menos frios, Linton e seus colegas advertem em seu estudo que mosquitos podem, em breve, causar “epidemias que seriamente ameaçam a saúde pública”.

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