Um novo remédio, segundo pesquisadores argentinos, tem mostrado potencial para mais que dobrar as chances de fumantes largarem o cigarro. Este avanço representa a primeira grande inovação em tratamentos contra o tabagismo em quase 20 anos. Publicado na revista Addiction, o estudo destaca a eficácia da citisiniclina, conhecida também como cistina, enfatizando sua segurança e tolerabilidade.
A citisiniclina, um fármaco fitoterápico, age ligando-se aos receptores de nicotina no cérebro. Esta ação ajuda a reduzir o desejo pela nicotina e a severidade dos sintomas de abstinência. Comparável à vareniclina, presente no Champix da Pfizer, este medicamento surge como uma alternativa promissora para o combate ao tabagismo.
Embora não seja uma novidade, tendo sido sintetizada em 1964 na Bulgária, a citisiniclina ganha agora relevância com estudos clínicos mais rigorosos. No Reino Unido, por exemplo, ela acaba de receber aprovação regulatória para uso antitabagismo, estando disponível mediante prescrição médica a partir de 22 deste mês.
Omar de Santi, toxicologista do Hospital Nacional de Posadas na Argentina, salienta a importância da citisiniclina, principalmente em países com recursos limitados. Ele enfatiza que este medicamento poderá ser uma ferramenta valiosa no combate à dependência de cigarros nestas regiões.
A pesquisa analisou os resultados de 12 ensaios clínicos, envolvendo cerca de seis mil voluntários. Os dados revelaram que a cistina aumenta em mais de duas vezes as chances de cessação do tabagismo em comparação com um placebo. Também demonstrou eficácia comparável à vareniclina e superior às terapias de reposição de nicotina.
A Achieve Life Sciences, fabricante do medicamento, planeja submeter dados para aprovação pela FDA, agência reguladora dos EUA, na primeira metade de 2024. Ainda não há previsões para pedidos de aprovação em outros países, como o Brasil.
“O tabagismo ainda é a principal causa evitável de morte globalmente, e a falta de novos medicamentos para cessar o hábito é preocupante. A citisiniclina pode ser uma nova e valiosa opção para tratar a dependência do tabaco, caso seja aprovada pelos órgãos reguladores,” destacou Nancy Rigotti, da Universidade de Harvard, reforçando a urgência de alternativas eficazes no combate ao tabagismo.
Fonte: Globo.com
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