Primeiro projetor cinematográfico de Uiraúna pertenceu a Ariosvaldo Fernandes
Uma jovem conterrânea, Universitária concluinte do curso de história na UFCG, está fazendo um trabalho pesquisa sobre cinema, Me pediu umas informações sobre as origens do Cine São Francisco, primeira sala de cinema a funcionar em Uiraúna, uma idéia pioneira do Meu Pai: Ariosvaldo Fernandes. Apesar de que na época, eu ainda era muito criança, mas lembrei-me um pouco dessa história. E assim relatei: Boa noite! Estou enviando pra você uma retrospectiva do cine São Francisco, fiz um resumo do que pude lembrar, aí você faz a sua triagem e aproveita o que for interessante para o seu trabalho. Veja. Retrospectiva do Cinema em Uiraúna: primeiro cinema: Cine São Francisco de Ariosvaldo Fernandes.
Origens da primeira sala de cinema em Uiraúna: Cine São Francisco proprietário: Ariosvaldo Fernandes, Primeira Máquina projetora: Sound Kodascope Model FS 10-N. Made EUA. 16 mm. Comprada no Recife. Depois foi adquirida outra máquina projetora fabricada na Tchecoslováquia. Também 16 mm. Comprada em João Pessoa, de um antigo seminário.
O Cinema Foi instalado no Salão Paroquial. Monsenhor Constantino, que foi alugado para a instalação do ambiente cinematográfico ,o salão ainda hoje é de propriedade da Paróquia JMJ que tinha como vigário na Época o Padre Antônio Anacleto de Andrade.
Isso nos inícios dos anos Sessenta, Quando a pequenina Uiraúna, era iluminada através de um motor gerador a óleo diesel, as luzes da cidade e de algumas residências eram acesas as dezoito horas e eram desligadas às vinte e duas horas. Esse motor gerador era operado por dois funcionários municipais, eram técnicos em eletricidade: o Senhor Cabrinha e o Senhor Zé Calixto.
O óleo combustível era fornecido pela Prefeitura Municipal, e muitas das vezes o motor quebrava e a cidade ficava às escuras, sem luz por dois , três dias ou mais a depender do problema, ou da peça de reposição que vinha de longe. o Cinema dependia dessa energia.
O cine São Francisco, era a única opção de lazer para a população, os filmes em preto e branco, eram exibidos nos finais de semana, sextas, sábados e domingos. Operador da máquina: Ariosvaldo Fernandes, e dois auxiliares Um ficava na bilheteria vendendo os ingressos (Edmilson Feitosa) o outro ficava na portaria, Joquinha Alencar, que recebia os ingressos), Horário das sessões das vinte horas às vinte e uma horas, ou um pouco mais…quando o filme agradava aos telespectadores era reprisado por diversas vezes durante a semana, as películas (Fitas )cinematográficas eram alugadas, vinham de Campina Grande, da filmoteca Alamar, do distribuidor empresário:Lourival Cavalcanti , ou vinham da parceria com outro amigo que também exibia filmes em cajazeiras. (Senhor Eutrópio).
Mas sempre chegavam filmes bons e novos para serem exibidos, mais ou menos nos meados dos anos sessenta chegou a energia elétrica de Paulo Afonso, que melhorou muito para as atividades cinematográficas, inclusive as apresentações e exibições já vinham em ascope e coloridos, mais modernos, e já podiam ser exibidos durante a semana, podiam ser também projetados durante o dia em sessões de matinês aos Domingos, tudo isso dando mais opções para os telespectadores, Os filmes mais apreciados eram os faroestes do oeste Americano com os grandes Artistas: a exemplo de : Durango Kid, Jonemaxibrone, Buke Rogers, Roy Rogers, Apoloni Cacide, Ringo, Django, zorro, os episódios do super homem, etc.. também os filmes cômicos eram sucesso de bilheteria: O gordo e o mago, Charles Chaplin, Mazarope, Oscarito e Grande Otelo e também filmes históricos, Religiosos, (a exemplo da paixão de Cristo) , filmes policiais, gladiadores, artes marciais, Românticos a exemplo de Romeu e Julieta, Dio como Ti Amo, e outros tantos de ações, Tarzan, etc.., não existiam os filmes pornôs, a censura não permitia, os bons filmes faziam a alegria e alimentavam a curiosidade e a ansiedade dos telespectadores, quando terminava um filme os próximos já estavam programados, as pessoas já viam a exposição dos cartazes que se mostravam na portaria.
Existia uma galera que era cativa e não perdia nenhum filme, eram os verdadeiros amantes da sétima Arte, Eles não perdiam por nada! As portas do cinema abriam as sete horas, o som ficava tocando as músicas da época, as pessoas iam sentando nas bancadas de madeira, ali trocas de olhares, namoricos, paqueras, papos entre amigos, uns garotos a vender no salão: picolés, bombons, chicletes, pipocas, algodão doce, e ali era o ambiente perfeito para esperar o começo do filme, quando tocava a música prefixo, característica, o silêncio…então a luz apagava e eis aí a projeção tão esperada. Saudades do escurinho do cinema.
Com muito tempo depois, o cine São Francisco foi transferido pra outro salão, dessa vez na rua da praça Padre França, onde ainda funcionou por uns cinco anos, quando então foi aparecendo as tvs, com programações diversificadas que aos poucos afastaram o público e que motivaram o fechamento dos cinemas, até nos grandes centros os cinemas foram todos praticamente fechados. Quase nenhum sobreviveu.
Lá no Salão paroquial, outros empresários deram continuidade também com cinema, ficaram um bom tempo, contudo não resistiram à modernização das televisões e novidades dos vídeos cassetes, DVDs , etc.. e também desistiram!
O velho cinema não resistiu a modernidade,que foi devorado pelo mundo avançado da tecnologia e da internet, pendrive, Yutube, sei lá! é tanta novidade que parece que o velho cinema foi do século dezoito! Estamos a anos luzes distantes dos antigos cinemas!
O que nos restam são as belas histórias de quem viveu os tempos áureos e felizes dos saudosos cinemas!
Por: Xavier Fernandes
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