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sábado, 11 de maio de 2024

O VERDADEIRO ESTADISTA?

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o verdadeiro estadista
Foto: Ilustrativa

O presidente da República participou da reunião de apoiadores, no último domingo, na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, que seria em comemoração ao Dia do Trabalhador, mas foi aproveitado mesmo para protestos, em especial, contra o Supremo Tribunal Federal.

O presidente do país evitou fazer discurso, o que, por via de consequência, não houve as suas costumeiras e agressivas críticas àquela corte e isso, surpreendentemente, contribuiu para agradar a cúpula do Centrão, que o apoia no Congresso Nacional e faz parte do seu governo.

Na verdade, aliados do presidente do país temiam que ele, ao comparecer às manifestações, fizesse acalorado discurso junto aos seus idólatras apoiadores, com o propósito de agradá-los, mas isso poderia contribuir para aumentar a tensão com o poder Judiciário, que já conseguiu atingir nível insuportável, nos últimos dias.

Os líderes do Centrão, base de sustentação do governo no Congresso, prefeririam, antes de tudo, que o presidente do país nem tivesse comparecido aos aludidos atos, mas ele não resistiu ao anseio de se mostrar em público, em momento especial e se fez presente, para estar, como fez questão de enfatizar, ao lado de seus fiéis apoiadores, mesmo tendo perdida excelente oportunidade para descer o malho nos seus preferidos adversários: o Supremo e o Tribunal Superior Eleitoral, com o emprego das suas costumeiras agressivas e desnecessárias críticas.

Ressalte-se que, no ato que o presidente do país compareceu, em Brasília, havia cartazes e falas em carros de som pedindo intervenção militar e fazendo reiterados ataques à corte suprema do país, lembrando que esses inconvenientes apelos contra os poderes da República são consideradas medidas inconstitucionais e antidemocráticas.

Na verdade, o temor do Centrão era que, com críticas em tom sempre autoritário ao Supremo, o presidente do país contribuísse para a perda de apoio entre eleitores de centro, que não aprovam esse tipo de comportamento nada presidencial, exatamente porque o seu resultado também tende a tensionar ainda mais as relações entre os poderes Executivo e Judiciário.

A evidência de analistas é a de que tem sim muito peso, no cálculo eleitoral, a forma agressiva demandada pelo presidente do país sobre a atuação de membros do Supremo, convindo seguir com cautela sobre os alertas feitos a ele acerca da imperiosa necessidade de parar com os ataques e as críticas ao tribunal.

Há o entendimento que isso resulta em efeito bastante negativo, em forma do movimento bumerangue, em que as falas agressivas voltam em prejuízo à reeleição, diante da desaprovação por parte de muitos eleitores, que entendem que isso é estilo de enorme desgaste político, conquanto possa agradar os apoiadores fanatizados, que não mudam de sentimento por nada que o mandatário fizer ou deixar de fazer, mesmo que seja de inconveniência, em termos político-administrativos.

Mesmo que o presidente do país não tenha discursado no citado evento, em momento tão oportuno, o sentimento predominante, motivado por avaliação segura entre os aliados dele, é que não dá para se afirmar, com absoluta certeza, que ele vá realmente se conformar em minimizar o tom de descontrole na relação com o Judiciário, à vista de vasta experiência de outras ocasiões.


Nessas oportunidades, já houve recuo estratégico e momentâneo dele, mas depois toda carga de críticas agressivas voltou com muito mais poder destruidor contra os preferidos e declarados inimigos, nas figuras do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral, que estão permanentemente na mira da sua metralhadora giratória, cujo resultado termina sendo prejudicial aos seus objetivos políticos, conforme mostram as avaliações.

À toda evidência, a maneira doentia e insana escolhida pelo presidente do país, para se relacionar com membros da Excelsa Corte do país, mesmo que ela possa ser de fato desprezível, na avaliação dele, não condiz, em absoluto, com a liturgia do verdadeiro estadista, que precisa ser respeitado, ante a relevância do cargo exercido por ele.

Ao que tudo indica, o presidente do país deixa transparecer que não faz a menor ideia sobre a importância disso, segundo o seu comportamento de completo alheamento às funções presidenciais, que devem ser pautadas sob o regramento civilizado e democrático do equilíbrio, da tolerância, do diálogo, da convergência e, enfim, dos elevados princípios inerentes ao verdadeiro estadista, que estão muito acima da compreensão de pura desarmonia mantida entre importantes poderes da República, como ele vem fazendo com incontida incompetência.

É bastante lamentável que o presidente da República tenha elegido a pior via para a se conduzir na busca da sua reeleição, procurando mostrar apenas para os seus fanatizados apoiadores, de forma visivelmente obcecada, forma diferente da normalidade político-democrática.

O certo é que o verdadeiro estadista precisa se comportar em estrito respeito ao regramento próprio estabelecido para o exercício do mais relevante cargo do país, que tem por padronização o acatamento retilíneo aos princípios republicano e democrático, apenas em defesa dos interesses públicos, com embargo das metas políticas pessoais, conforme é o caso do presidente do país, que já faz campanha política há bastante tempo, aproveitando os especiais atributos do cargo, conforme os seus pronunciamentos indiscutivelmente eleitoreiros.

Urge que o presidente da República, independentemente de interesses políticos, resolva exercer o relevante mandato em estrita observância aos princípios demandados em elevada padronização do verdadeiro estadista, sob o respeito às éticas republicana e civilizatória, na forma do moderno figurino aplicável à administração pública de competência e eficiência.

Adalmir
Antonio Adalmir Fernandes – Escritor

Brasília, em 3 de maio de 2022

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