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sexta-feira, 17 de maio de 2024

Toyota Corolla foi testado no Brasil nos anos 70, mas acidente mudou planos de produção local

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Marca japonesa chegou a anunciar investimento, mas burocracia brasileira fez empresa dar passo atrás

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Foto Reprodução: Acervo MIAU

A Toyota só começou a fabricar automóveis no Brasil em 1998, ainda que produzisse por aqui o utilitário Bandeirante desde 1958. No começo dos anos 1970, porém, a marca estudou iniciar a produção nacional de carros, ideia que acabou prejudicada por, digamos, um acidente de percurso.

Era o início de 1972 quando um grupo de pesquisadores foi mandado pela Toyota do Japão para estudar o mercado brasileiro. Chegaram inclusive a se reunir com representantes do governo federal, e anunciaram que a montadora estava disposta a investir mais de US$ 200 milhões, em valores da época, para construir uma fábrica para seus carros no país.

A equipe mandou um sinal verde para a matriz e, em meados do segundo semestre daquele ano, a coisa ficou ainda mais séria. Outros 20 japoneses vieram para cá e trouxeram 11 carros a fim de pesquisar qual deles seria a melhor opção para um Toyota made in Brazil. Os estudos apontaram o Corolla como a escolha perfeita. Na época, era um carro menor, do tamanho aproximado de um Fusca. Havia ainda a possibilidade de fabricação local, em uma segunda etapa, de um concorrente da Kombi, o Lite-Ace.

Então a Toyota decidiu apresentar alguns desses carros para a imprensa especializada brasileira. A ideia era colher mais impressões e sugestões, além de iniciar a divulgação dos planos. No dia 20 de dezembro de 1972, os jornalistas puderam conhecer o Corolla em um evento no Autódromo de Interlagos, e ouviram que a previsão era começar a produção local em 1975.

Os carros eram modelos produzidos no Japão para exportação aos Estados Unidos e, por isso, já tinham volante do lado “certo” e requintes espantosos para a época, como freios a disco e pisca-alerta.

Depois do evento, a Toyota distribuiu alguns dos carros para revistas especializadas. Um Corolla 1400 sedã bege ficou com Autoesporte; um Corolla cupê 1600 vermelho e uma perua Corolla 1400 verde foram entregues a outras publicações. Dessa forma, os jornalistas poderiam ficar com os carros por mais algum tempo para testá-los melhor e fornecer impressões mais profundas, que seriam aproveitadas pela própria Toyota.

Quis o destino, porém, que em pleno dia de Natal, 25/12/1972, a perua verde se envolvesse em um acidente. Foi no quilômetro 15 da Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo, que ainda era de pista simples.

O motorista de um Fusca que seguia no sentido Interior resolveu atravessar a estrada para pegar uma via transversal no outro lado, mas calculou mal a manobra. O Corolla, que ia no sentido Capital, não conseguiu frear a tempo e os dois bateram.

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Foto Reprodução: Acervo MIAU

A encrenca maior não foi o acidente em si, mas o que aconteceu depois. A perua foi levada para o pátio de uma delegacia próxima e lá ficou retida por muitos e muitos meses, à espera de uma perícia que nunca ocorria.

O pessoal da Toyota ficou maluco, pois os carros tinham data certa para retornar ao Japão. A matriz, então, enfureceu-se ao descobrir que só haviam voltado dez dos 11 carros, pois um deles, a perua, fora simplesmente “perdido” para a burocracia brasileira. E vá explicar isso a um executivo japonês acostumado a fazer tudo dentro de um planejamento rigidamente controlado…

Não se sabe exatamente até que ponto esse incidente atrapalhou os planos, mas nunca mais a Toyota tocou no assunto da fábrica — o que é, no mínimo, estranho para quem tinha feito todo esse esforço e já sabia até mesmo o valor do investimento necessário. O fato é que a história mostrou que tivemos de esperar mais 26 anos para finalmente termos um Corolla nacional.

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