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sábado, 18 de maio de 2024

Esperança: aos 68 anos, mestre de obras se forma em engenharia civil

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Foto Reprodução: Arquivo Pessoal

O mestre de obras Antônio Alves realizou o sonho de se graduar na profissão a que foi ligado durante toda a vida, mas sem a formação acadêmica. Nesta semana, ele recebeu o diploma de engenheiro civil, após atuar na construção civil por 32 anos, em Belém (PA).

“Era o sonho dele, sempre foi o sonho da vida dele. Mas sabe aquele sonho que vai passando?”, conta a filha de Antônio e coach de emagrecimento Miri Leite, de 37 anos.

Ela diz que o pai trabalha desde cedo, quando vendia tapioca na estação de trem da cidade em que morava, Castanhal (PA), ao lado de seus sete irmãos. “Eles cresceram em uma situação muito difícil, meu avô era alcoólatra, morreu na vala, literalmente. Minha avó teve que criá-los sozinha”, afirma.

A ocupação que sustentou a família de Antônio, no entanto, foi a de mestre de obras. Com a renda da profissão, criou, ao lado da esposa, Mirian Nascimento, de 58 anos, quatro filhos: Miri, de 37 anos, Midiã, 33, Mateus, 24, e Sara, 18.

Foi a partir do sonho do irmão que conseguiu chegar mais perto do dele. “Meu tio, que tem uma condição melhor, decidiu construir uma faculdade. Meu pai, então, trabalhou na construção da escola onde anos depois ele viria a se formar”, cota Miri.

A construção demorou 10 anos, e a faculdade funcionou por oito anos. Na época, uma franquia de curso superior alugou o prédio e Miri foi contratada para trabalhar no Departamento Comercial do local. A jovem conta que sua primeira tarefa foi divulgar exatamente o curso de engenharia civil. “Quando comecei, eu falei: ‘Pai, o senhor tem que entrar nessa turma!’ e ele falou ‘Não, nunca que eu consigo passar no vestibular”.

Com o incentivo da esposa, entretanto, Antônio resolveu dar uma nova chance ao sonho. “Minha mãe é pedagoga, então ela começou a instigá-lo, explicando como montar uma redação e passou ali umas duas semanas estudando com ele diariamente. Ele não pegava em um caderno há 32 anos. Participou do vestibular e foi aprovado”, conta.

Por ser pai de uma funcionária, ele conseguiu uma bolsa integral e logo começou o curso. “Eu lembro que o primeiro ano foi muito terror, porque ele sentiu muita dificuldade. Ele conhecia a prática e chegou a hora de ele ir pra sala de aula aprender a teoria. Os dois primeiros anos foram simplesmente surreais.”

No fim de seu segundo ano de faculdade, Antônio ainda teve mais um desafio. Após uma queda de glicemia, ele caiu do alto de uma escada. “Teve traumatismo craniano e passou uma semana na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Foi muito difícil”, conta.

No terceiro ano do curso, em 2020, a dificuldade foi a ida do presencial para o ensino a distância (EaD). O apoio de sua esposa foi, novamente, fundamental, segundo Miri. “Eu falo que minha mãe se formou junto com ele, só não recebeu o diploma, porque ela apoiou ele 100%, integralmente, nesses três últimos anos.”

“É um motivo de muito orgulho para ele e para a nossa família. Foi uma grande conquista”, ressalta Miri. “A grande lição de tudo é para acreditar nos nossos sonhos.”

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