Um homem de 43 anos foi morto a tiros na frente do filho, de 9, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, nessa segunda-feira (25). O crime brutal chocou os moradores do bairro Santa Maria e deixou profundas marcas na criança que tentou impedir a execução do próprio pai lutando contra o criminoso. Autoria e motivação seguem desconhecidos.
A vítima – cujo nome será omitido para preservar a imagem da criança – trabalhava como gesseiro e estava em uma distribuidora de bebidas, na companhia do filho, quando foi morto. O garoto contou que o pai se assustou quando o homem armado aproximou dele. Desesperado, tentou fugir, mas foi baleado e continuou sendo perseguido pelo algoz.
“Quando o cara atirou pela primeira vez, ele [o gesseiro] caiu. Aí meu filho entrou na frente do pai e começou a dar socos no criminoso [para ele não fazer novos disparos]. O homem saiu andando, mas meu companheiro acabou levantando, momento em que o atirador voltou e terminou a execução”, conta a mãe da criança, que também terá a identidade omitida. A dinâmica do crime foi relatada a ela pelo filho.
Filho implora
A dona da distribuidora de bebidas contou à PM que estava dentro do comércio quando ouviu os primeiros disparos. A comerciante ficou assustada e foi ver o que acontecia. Segundo a proprietária, a vítima estava caída e o garoto, entre o pai e o atirador, implorava: “Não mata o meu pai”. Apesar do pedido do garoto, o sangue frio do criminoso falou mais alto.
Outras testemunhas foram ouvidas pelos policiais e todas disseram que o criminoso fugiu tranquilamente pelas ruas do bairro, após a execução. O homem utilizava roupa preta e uma touca que mostrava apenas os olhos. As pessoas que presenciaram a execução disseram que o garoto ficou desesperado diante de tudo que aconteceu. Uma moradora cobriu a vítima com lençol para que o garoto não ficasse vendo o pai morto.
A mãe da criança destaca que o emocional do filho ficou muito abalado. “Ele ficou muito agitado diante de tudo que viu. Tivemos que dar calmante para ele acalmar um pouco. Agora de manhã deixei ele com minha irmã, pois estou resolvendo os papéis [para realização do velório e sepultamento]”, disse.
O gesseiro foi executado com dois tiros na cabeça e um no abdômen. A arma utilizada era de calibre .38.
Mistério
A motivação da morte é um mistério para todos, principalmente pelo fato da vítima ser uma pessoa que se relacionava bem com todos e não tinha envolvimento com o crime. “Ele era uma pessoa trabalhadora, não mexia com nada de errado. Estou me perguntando até agora o motivo de alguém de matado ele”, desabafa a companheira do gesseiro. “Era uma pessoa muito caridosa, não tínhamos nada do que reclamar dele. Agora vamos lembrar dos bons momentos que passamos com ele”.
A PM perguntou para a criança se ela percebeu alguma característica do autor dos disparos. O garoto disse que reconheceu o criminoso pela voz e pelos olhos. Segundo o próprio, o autor estava em um chá de bebê realizado há uma semana. O menino não soube informar o nome, mas lembrou que o homem tinha tatuagens, sendo que uma era o desenho de uma rosa e outra os escritos “Deus de Fé”.
O corpo do gesseiro foi levado ao IML (Instituto Médico Legal). Nenhum suspeito foi localizado até o encerramento da ocorrência. O registro foi feito na 7ª Delegacia Especializada em Investigação de Homicídios. A vítima deixa dois filhos, sendo o menino, de 9, e uma adolescente, de 17.